sábado, 12 de março de 2011

Pois que venha a onda

Nos acostumamos com a ideia de que controlamos tudo: o nosso tempo, a ordem social, o semelhante. Imaginamos que tudo o que existe está a nossa disposição: os recursos naturais, o cosmos, a vida alheia. Sempre nos ocupamos com essa obsessão do domínio sobre o real, e nos iludimos e temos espanto quando a realidade dá-nos notícia de seu curso próprio, de suas forças inerentes e inexoráveis, imponderáveis.


Vivemos a era do desperdício e do exagero. Lançamos milhões de toneladas de lixo no ar, com nossos veículos potentes e confortáveis. Poluímos os recursos hídricos com esgoto doméstico e industrial, além de consumirmos água para além de nossas necessidades vitais e básicas. Desperdiçamos comida suficiente para alimentar toda a humanidade. Consumimos o solo e o subsolo como se esses recursos fossem ilimitados. Sujamos até o espaço sideral, com lixo das nossas andanças ultraterrenas, lançando espaçonaves e detritos para além dos limites terrestres. E pensamos que todas essas atitudes e feitos estão sob nosso controle.

Ledo engano. Existem limites e um equilíbrio inerentes a nossa existência. Somos um acaso, uma fatalidade e um infortúnio no Universo que nos cerca, sendo mesmo necessário tormarmos consciência dessa situação frágil que é a nossa existência. É preciso controlar essa ânsia e essa fé no progresso, porque para além da Ciência está a nossa incapacidade de compreender todos os fatores e variáveis que condicionam a nossa sobrevivência.

Isso não quer dizer que tenhamos que fazer uma apelo ao sobrenatural. Nem que toda a técnica é desnecessária ou somente prejudicial aos seres humanos. Essas são, também, conclusões precipitadas. O que importa é saber que somos visitantes, ou uma improbabilidade que "deu certo", numa equação bem mais complicada do que a nossa "vã filosofia" pode imaginar. Ser e estar são verbos a serem ainda descobertos pela humanidade, que precisa aprender a controlar não a natureza, mas os seus impulsos e a sua impetuosidade.

Não podemos prever todos fenômenos, pois eles existem independentemente de nós. Temos que compreender que a vida existe como uma acontecimento inesperado, voltando nosso olhar para o imprevisível, ao caos que, direta ou indiretamente, condiciona as nossas vidas, preparados para o pior e dispostos a manter viva a chama da esperança. O que não significa que podemos ocupar todos os espaços disponíveis, mas apenas o que é vital, razoável e possível.

Na condição de visitantes, temos que cuidar desta nave espacial que ocupamos, porque é a nossa única morada viável. Não existe outro lugar disponível para nossa existência, nem nossa tecnologia é suficiente para a ocupação de outro lugar. Se não soubermos utilizar os recursos que estão a nossa disposição, compartilhando-os, melhor é que venham várias e todas as ondas, e nos lavem da face da Terra, como uma sujeira indesejável ou um fungo malicioso que insiste em destruir este habitáculo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Competitividade no local de trabalho: como evitar os maus colegas - por Huppert Cunha

"A competitividade atingiu em cheio o Brasil, na última década. Até as regiões Norte e Nordeste, pouco habituadas com investimento e crescimento econômico sentem a pressão do mercado sobre as organizações sociais patriarcais e clientelistas das culturas locais. É nesse ambiente que os menos qualificados e incompetentes (acostumados com o antigo modelo) podem atrapalhar a ascensão dos novos profissionais que despontam no mercado.


"Esses maus colegas de trabalho, ao invés de contribuírem com sua cota-parte no desenvolvimento da empresa, lutam por suas posições da chamada de "zona de conforto". Incapazes de ceder às mudanças, utilizaram a competitividade para praticar a chamada "concorrência desleal", através de diversas artimanhas como, por exemplo: ataques pessoais, mentira (levada por meio da vulgar "fofoca"), alianças estratégicas (formação de panelinhas) e assim por diante.

"Diante disso, como evitar os maus colegas?

"A primeira coisa a fazer é concentrar-se no trabalho. Isso porque manter o foco no trabalho é essencial e mesmo fundamental na consecução das metas pré-definidas. Além do mais, enquanto o seu colega tenta puxar seu tapete, você já está em outra zona, longe do raio de alcance desse tipo de gente.

"A segunda medida é evitar as panelinhas. Ser sociável é essencial, mas não submeter-se ao convívio dos não-preparados é um mandamento. Senão, pergunte-se: no que as panelinhas podem contribuir para o seu crescimento profissional, se lá é o espaço para a bajulação e/ou escárnio? Mais uma vez, foco é essencial, e descobrir quem está apto a somar é a conseqüência lógica disso.

"Antes de continuar, vale a pena parar um pouco e refletir sobre o seguinte: a competitividade no ambiente de trabalho é excelente, se ela servir para a descoberta de novas lideranças, aumentar a produtividade da empresa e enxugar a folha. Mas ela deve manter-se numa linha estritamente profissional, o que implica na identificação da massa inerte que, além de ameaçar a carreira dos colaboradores comprometidos, mantém altos os custos de produção.

"Finalmente, a terceira e última atitudo e o último mandamento: não se importe muito com as incursões e assédios dessa classe de trabalhador. Afinal, o que eles querem é tirar o seu foco e criar um certo nível de paranóia no local de trabalho.

"Nesse ambiente, a vida dos profissionais esforçados é muito dura. Sob constante pressão interna (dele próprio) e externa (do meio ambiente de trabalho), ele está numa posição de fragilidade, diante das práticas acima descritas.

"Portanto, compete ao bom gestor identificar esses mal elementos, porque é exatamente essa a função de um líder. Enfim, porque existe uma diferença clara e profunda entre um líder e um chefe. Essa diferença está na base, na mão de obra que entende como funcionam os processos e, por essa única razão, devem ser os primeiros a serem ouvidos".

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Huppert Cunha é licenciado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná. Atualmente, presta consultoria empresarial para multinacionais na região cisplatina.