domingo, 2 de março de 2008

Eleições presidenciais 2008 (EUA) e as guerras do petróleo

A escolha presidencial norte-americana é um evento mais-que-importante para a geopolítica mundial. Deveriam participar desta eleição não apenas os cidadãos yankees, mas todos os cidadãos do mundo, tendo em vista a influência global deste país.

Embora muito se tenha a escrever sobre o modelo de controle político no liberalismo (de uma "democracia" representantiva), e ainda mais sobre um sistema político bi-partidário (no qual prevalece a escolha de profissionais políticos representantes de interesses corporativos/empresariais), existe um assunto mais urgente na agenda dos analistas políticos e ela está ligada à possível continuidade da atual política externa da Casa Branca.

O que assusta não é que o argumento que polariza republicanos e democratas está ultrapassado - na prática, o modelo de expansão imperial é o mesmo, alterando-se apenas uma ou outra diretriz estratégica. O que realmente preocupa é que, quer republicanos, quer democratas escolheram a via belicista para assegurar o abastecimento energético da América do Norte. O que isso quer dizer? Isso significa que os discursos dos candidatos à presidência divergem apenas quanto à melhor estratégia: uma de ocupação indefinida, esmagadora e que garanta a "vitória absoluta" dos EUA no Iraque, defendida por McCain; e outra de desocupação gradativa, presente nos discursos de Clinton e Obama. Em outras palavras e de todo modo, o único candidato que é claro quanto ao Iraque é o ex-combatente e "herói" (melhor seria assassino) do Vietnam, o senador John McCain. Mas uma coisa é certa: não existe um discurso pacifista nem em Clinton nem em Obama; não se fala em paz - fala-se em petróleo, Al Qaeda, segurança e controle do Iraque, mais nada.

Existe um outro fator que não pode ser esquecido. Neste momento de tensão quanto à continuidade da política externa de Bush, o mundo dá sinais de fragilidade no campo político-diplomático: 1) há um evidente desgaste nas relações da UE com a Rússia, relacionado ao abastecimento de hidrocarbonetos russos ao mercado energético europeísta; 2) o "mundo muçulmano" não tem assistido com bons olhos o comércio de hidrocarbonetos injusto, controlado tanto por europeus, quanto por norte-americanos; 3) a China e Índia aumentaram sua demanda por fontes de hidrocarbonetos, pressionando o mercado internacional. Tudo isso somado à: 4) crise Venezuela-Colômbia e o deslocamento de 10 divisões blindadas à fronteira entre os dois países; 5) eleiçoes presidenciais fraudulentas na Rússia (o presidente eleito foi/é CEO da maior petroquímica russa, a Gazprom).

Enquanto a política representar somente interesses econômicos, nunca haverá paz entre as nações; essa é uma lição histórica. A democracia não existe nas mãos de políticos profissionais sem que haja a possibilidade de constante recall por parte das populações, para haja prestação de contas e, efetivamente, controle sobre o ocupante do cargo público.

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P.S. - E, para engrossar mais ainda: qualquer cidadão do planeta deveria ter o direito de participar nas eleições presidenciais norte-americanas (... e alemãs, francesas, brasileiras, russas e etc).

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