terça-feira, 1 de abril de 2008

A Doutrina de Choque: o advento do Capitalismo de Desastre

Milton Friedman, laureado com o prêmio Nobel de Economia (1976), defendeu a idéia de que os governos devem implementar medidas econômicas duras (consideradas necessárias ao livre mercado) todas as vezes que as populações fossem submetidas a choques de qualquer natureza (desastres naturais, guerras, golpes de Estado e etc.), de forma a aproveitar o estado momentâneo de desorientação a favor das medidas de liberalização da Economia (que são majoritariamente impopulares). A isso ele deu o nome de Tratamento Econômico de Choque (TEC): foi a receita principal de dezenas de governos ao redor do mundo, servindo para implantar a ideologia neoliberal da Nova Ordem Mundial.

Essa Nova Ordem Mundial, vivamente expressa no sistema mundo de produção capitalista neoliberal, colheu resultados "positivos" na desconstrução do Estado Providência (ou Estado de Bem-Estar Social), impedindo que houvessem gastos públicos e proteção social aonde quer que fosse, ao passo que as medidas monetaristas tomadas incrementaram o funcionamento de um capitalismo omnipresente em todos os cantos do mundo. O caminho para isso: a TEC e as receitas do FMI, Banco Mundial e OCDE. Um dos exemplos mais evidentes é o caso de Sumatra; logo após o tsunami que atingiu as ilhas do Oceano Índico, milhares de pescadores perderam o acesso às terras do litoral - aonde estiveram alojados por toda sua história -, vez que as mesmas foram ocupadas pela indústria hoteleira internacional; ainda, a pesca artesanal praticada por essas populações costeiras foi sumariamente substituída pela pesca industrial e predatória, ameaçando a sobrevivência extrativista (e auto-suficiente) das populações atingidas pelo desastre.

Esse e outros exemplos do "capitalismo de desastre" podem ser colhidos no vídeo a seguir. Ele é baseado no livro de Naomi Klein, intitulado The Shock Doctrine: The rise of Disaster Capitalism. É um curta-metragem que vale a pena ver e elucida uma série de questões sobre a globalização do capitalismo - que nos é empurrado "goela abaixo" e parece ser uma força invencível (mas será?).

Desta vez, os subtítulos estão em português. :-)

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