quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Estado e mercado: velhas e novas alianças

O cenário atual da economia global não poderia ser mais irônico: o mercado socorre-se do Estado. Este é um retrocesso da política à economia, sem dúvida alguma, mas com uma ação silenciosa: a transferência de fundos públicos aos privados. 

Ora! O independente e livre mercado agora precisa da inteligente, cautelosa e necessária intervenção (dinheiro) do Estado, para que o mundo não vá à bancarrota. O que significa dizer que agora privatiza-se o dinheiro público ou, o que dá no mesmo, que o Estado se responsabiliza pela atuação fraudulenta/irresponsável dos grandes atores (big players) do mercado financeiro internacional.

Esta idéia de intervenção pode não parecer tão estranha aos brasileiros - visto que nossa economia até pouco tempo andava puxada à carroça. Mas tente explicar isso a um norte-americano e ele logo identificará o temível e injustificável socialismo no centro da questão. Só que, neste caso, dois pesos e duas medidas: socialismo para os ricos (os grandes investidores) e capitalismo selvagem para os pobres (os desempregados, despejados e que, acima de tudo, vão pagar a conta pela via do empréstimo público, fruto da recolha de impostos).  

O que me faz pensar que, na realidade, do meio das nacionalizações (fato impensável há menos de 36 horas, dia 9 de outubro de 2008), brota a noção de que nada mudou e que o Estado (enquanto instituição) é o que sempre foi: um vassalo do sistema de produção. Eis a velha-nova aliança.

2 comentários:

  1. Olá Praxedes,

    Gostaria de saber os reais motivos da crise e acho que você é uma das melhores pessoas para quem eu poderia perguntar.
    Seria o resultado do aumento da especulação financeira, resultado do super-crescimento de algumas nações asiáticas ou alguém (ou algo) grande está tentando fazer um TEC?

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  2. Olá Léo,
    as informações que obtive sobre a crise provêm de duas fontes elementares: a mídia e as análises de pensadores contemporâneos europeus e brasileiros.
    A partir disso, a única coisa que posso fazer é tentar compreendê-la a partir de um juízo crítico.
    O meu balanço sobre a crise pode ser lido clicando-se aqui.
    Por fim, agradeço o seu interesse e declaro a minha solidariedade em relação a esta preocupação corrente.
    Um abraço,
    Antônio.

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