O título acima tem uma intenção oculta, e esta revela uma crítica acerca do movimento separatista que estabeleceu uma nova formatação jurídico-política na região sul da Sérvia. Sendo certo afirmar que aquela região sempre foi a fronteira de conflitos entre a Europa e o Oriente Médio, o novo estado em que se encontram aquelas populações não deixa de ser precário em função da ingerência externa que fulmina a sua organização sócio-política interna.
Em outras palavras, o novo Estado do Kosovo já dá os primeiros passos com os pés atados; a organização não-governamental CMI (Crisis Management Initiative), controlada por Martti Ahtisaari, já determina quais são os objetivos concretos a estabelecer no Kosovo: isso significa que, esse novo Estado será o palco no qual as forças econômica européias aplicarão um modelo de governance. Ora, temos aí uma "palavrinha mágica". Governance é, em poucos termos, uma administração indireta efetuada ao arrepio da participação democrática; o seu goal é criar condições para a acumulação de capital que favoreça os interesses de investidores internacionais, sob a desculpa de inserir um determinado país no contexto da economia de mercado global. Quem pesquisa este campo nas relações internacionais e quer para investigar essa nova forma de colonização (altamente sofisticada, pós-industrial), deve analisar as duas recentes reportagens do The Economist: a primeira (clique aqui) tenta dar um retrato geral da governance que está a se estabelecer no Kosovo - define quem são os principais atores e a estratégia assumida (cirurgica, limpa); a segunda (clique aqui), fala do papel da atual presidência eslovena da União Européia, que deverá ser desempenhado com vista a preservar os lucros que poderão advir daquela "bem-planejada" emancipação (sic) - e mais uma vez, os recursos minerais presentes naquela região estão a mercê do apetite energético da União.
Em outras palavras, o novo Estado do Kosovo já dá os primeiros passos com os pés atados; a organização não-governamental CMI (Crisis Management Initiative), controlada por Martti Ahtisaari, já determina quais são os objetivos concretos a estabelecer no Kosovo: isso significa que, esse novo Estado será o palco no qual as forças econômica européias aplicarão um modelo de governance. Ora, temos aí uma "palavrinha mágica". Governance é, em poucos termos, uma administração indireta efetuada ao arrepio da participação democrática; o seu goal é criar condições para a acumulação de capital que favoreça os interesses de investidores internacionais, sob a desculpa de inserir um determinado país no contexto da economia de mercado global. Quem pesquisa este campo nas relações internacionais e quer para investigar essa nova forma de colonização (altamente sofisticada, pós-industrial), deve analisar as duas recentes reportagens do The Economist: a primeira (clique aqui) tenta dar um retrato geral da governance que está a se estabelecer no Kosovo - define quem são os principais atores e a estratégia assumida (cirurgica, limpa); a segunda (clique aqui), fala do papel da atual presidência eslovena da União Européia, que deverá ser desempenhado com vista a preservar os lucros que poderão advir daquela "bem-planejada" emancipação (sic) - e mais uma vez, os recursos minerais presentes naquela região estão a mercê do apetite energético da União.
Ora, não existem coincidências quando os assuntos são diplomacia e política internacional - e a União Européia não dorme em serviço; a Slovénia fez parte da antiga Yoguslávia e era mediadora do conflito entre sérvios e kosovares e, agora, tendo a incumbência de executar a presidência da UE deve assumir uma conduta imparcial perante a Sérvia e o Kosovo. Como? Primeiramente, reconhecendo a criação do novo Estado e, depois, estendendo a mão aos sérvios através das parcerias comerciais e investimentos financeiros (uma espécie de compensação?). O que é certo é que os povos eslovacos têm reticências contra a convivência com as minorias muçulmanas; essa é uma luta antiga e a criação do novo Estado poderia significar paz para essas populações se, e somente se, houvesse outro tipo de abordagem nos processos de manutenção de linhas abissais - essas a que se refere Boaventura de Sousa Santos, que separam os povos artificialmente. Isso para dizer que essa pretensa emancipação não passa de uma contensão; ao invés de integrar, segrega; é mais uma linha de defesa fronteiriça, que tentar assegurar uma fronteira física à União Européia.
Por fim, alguém pode se lembrar que anda por aí escudo anti-mísseis, ainda a ser instalado algures no leste do continente europeu. Bem, o Kosovo é uma região pró-EUA, e a Sérvia é ponto de apoio essencial dos planos da União Européia para a estabilização política dos Balcãs, sob a promessa de aceitação da proposta de adesão ao mercado comum. No fim, o que parece-me é que todos (os que controlam os espaços de exercício do Poder) sairão com os bolsos recheados, enquanto os kosovares ainda terão de organizar uma cultura identitária... e excluída.